domingo, 22 de julho de 2012



sombras pelo muro:
a borboleta passa
seguindo a anciã...
Rosa Clement


A sensação de tocar com os dedos
O que não tem realidade -
Uma pequena borboleta.
Buson


Como que levada
pela brisa, a borboleta
vai de ramo em ramo.
Matsuo Bashô


Borboleta azul
raspa este céu de mansinho
insegura e frágil.


Eolo Yberê Libera


folha seca
sobre o travesseiro
acorda borboleta
Alice Ruiz



O que a lagarta chama de fim do mundo, o homem chama de borboleta.
Richard Bach



"E ela não passava de uma mulher... inconstante e borboleta."
Clarice Lispector


Com delicadeza abrir as gavetas
que guardam as palavras de seda.
Deixá-las sempre ao alcance
de um sopro,
prontas para o voo,
para o ouvido,
para a boca.
Palavras de seda
são como borboletas douradas
quando pousam
no coração do outro.

Roseana Murray



 Eu sempre estendi as mãos
para as borboletas...

Abria os braços
para o passado saudoso...
para o futuro sonhado...
mas nunca tocaram em mim.

Hoje, fiquei imóvel
e uma pousou no meu pé.


Fabio Rocha


Seus cachos de seda
são borboletas douradas
brincando na brisa.


Humberto del Maestro


Disse a flor para o pequeno príncipe: é preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas.
Antoine de Saint-Exupéry

Borboleta




Borboleta dos amores,
Como a outra sobre as flores,
Porque és volúvel assim?
Porque deixas, caprichosa,
Porque deixas tu a rosa
E vais beijar o jasmim?

Pois essa alma é tão sedenta
Que um só amor não contenta
E louca quer variar?
Se já tens amores belos,
P'ra que vais dar teus desvelos
Aos goivos da beira-mar?



Não sabes que a flor traída
Na débil haste pendida
Em breve murcha será?
Que de ciúmes fenece
E nunca mais estremece
Aos beijos que a brisa dá?...

Borboleta dos amores,
Como a outra sobre as flores,
Porque és volúvel assim?
Porque deixas, caprichosa,
Porque deixas tu a rosa
E vais beijar o jasmim?!



Tu vês a flor da campina,
E bela e terna e divina,
Tu dás-lhe o que essa alma tem;
Depois, passado o delírio,
Esqueces o pobre lírio
Em troca duma cecém!

Mas tu não sabes, louquinha,
Que a flor que pobre definha
Merece mais compaixão?
Que a desgraçada precisa,
Como do sopro da brisa,
Os ais do teu coração?



Borboleta dos amores,
Como a outra sobre as flores,
Porque és volúvel assim?
Porque deixas, caprichosa,
Porque deixas tu a rosa
E vais beijar o jasmim?

Se a borboleta dourada
Esquece a rosa encarnada
Em troca duma outra flor;
Ela - a triste, molemente
Pendida sobre a corrente,
Falece à míngua d'amor.



Tu também minha inconstante
Tens tido mais dum amante
E nunca amaste a um só!
Eles morrem de saudade,
Mas tu na variedade
Vais vivendo e não tens dó!

Ai! és muito caprichosa!
Sem pena deixas a rosa
E vais beijar outras flores;
Esqueces os que te amam...
Por isso todos te chamam:
- Borboleta dos amores!



Casimiro de Abreu

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Da minha janela




Gentis borboletas coloridas
migraram dos meus sonhos despertos
para a janela de onde contemplo
a vida que escorre pelas narinas do tempo

No núcleo das  vontades adormecidas
algumas boboletas em voos incertos
ainda estão a bailar aqui e ali
Ora na janela, ora dentro de mim



Úrsula Avner

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Ternura



Com as estrelas que deixei cair
de minhas asas de borboleta-transparente,
pedi à minha fada-madrinha
que bordasse, com linhas do infinito,
uma noite somente para meu amor.

E com as flores que deixei cair
De minhas folhas de violeta amadurecida,
Pedi ao meu anjo-da-guarda
Que bordasse, com linhas de eternidade,
Um céu branco e lilás
para ser o dia da noite do meu amor.


Oswaldo Antonio Begiato