terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Desejo






Quero asas de borboleta azul
para que eu encontre
o caminho do vento
o caminho da noite
a janela do tempo
o caminho de mim.

Roseana Murray

A Borboleta Amarela






A borboleta amarela
pousou no beiral da janela.
Abriu suas asas listradas
cansadas de muitas estradas
e dormiu.
Ficou um bom tempo parada
até se sentir renovada.
Limpando as patinhas da frente,
jogou-se pelo muro bem rente
e seguiu.

Lá foi ela pelos ares
saltitando em ziguezagues.
Pousou na flor do caqui,
pulou daqui para ali
e partiu.
Por entre a grade de ferro, passou.
Por trás dos ramos floridos, voou.
Parou no banco da praça,
eis que um gato lhe ameaça…
e fugiu.

Ladyce West







Embriagada de ardor matinal,
tonteia uma borboleta amarela.
Encolhido e com sono, um homem velho
descansa sentado junto à janela.
Entre as folhas da primavera, um dia
de viagem cantando partiu ele:
de uma porção de ruas a poeira
passou voando sobre os seus cabelos.
Naturalmente as árvores em flor
e as borboletas voando amarelas
parecem hoje as mesmas de outros tempos:
como se o tempo não tocasse nelas.
Os perfumes e as cores, entretanto,
tornaram-se mais finos e mais raros:
fez-se mais fria a luz, e o próprio ar
parece mais difícil respirar.
Como abelha a zumbir, a primavera
baixinho entoa os seus graciosos cantos:
a borboleta adeja em amarelo,
e o céu vibra em cristal de azul e branco.

Angell mayan

domingo, 25 de janeiro de 2015







A borboleta voa,
Voa ao por do sol,
Sonhando,
Imaginando,
Feito girassol,
Ela é amarela listrada de branco.
Voando...voando...
E falando:
Como eu sou feliz.

carla beatriz almeida mota

sábado, 10 de janeiro de 2015

Flores , borboletas e beija-flores






As manhãs primaveris nascem, com nuances diferentes.
Um quê de perfume, embriaga o ar.
Borboletas coloridas, dançam pra lá, e pra cá.
Balés irrequietos, coreografias, mais que ensaiada.
Dançam as borboletas, entre as flores perfumadas.
Nesgas de luz, por entre as frestas solares, visão de
encanto e magia.
Dão vida às borboletas, coloridos, que se multiplicam.
Os lindos beija-flores, uma visão esplendorosa, beijam as
flores, em efusiva alegria.
Dançam com as borboletas, em perfeita harmonia.
Nas manhãs primaveris que se anunciam, cada dia é um
dia diferente.
Mesmo que os raios de sol se escondam, mesmo que
haja chuva, ou brisa fria.
Haverá sempre flores, borboletas e beija-flores,
encantando a natureza.


Cecília





Depois apareceu uma borboleta negra,
laranja e azul esvoaçando sem rumo e alguém disse
que elas viviam apenas vinte e quatro horas,
que não precisavam trabalhar nem montar um lar,
o lar eram as flores onde iam pousando descuidadas,
depositando seus ovos, e os filhos que se virassem sozinhos.
Mas antes alguém lembrou, ou ninguém,
talvez todos tenham pensado sem dizer,
antes foram crisálida, larva lenta, feia, cascuda, escura,
fechada sobre si mesma, elaborando em silêncio
e desbeleza as asas de mais tarde.

Caio Fernando Abreu





“Borboleta dos amores,
Como a outra sobre as flores,
Porque és volúvel assim?
Porque deixas, caprichosa,
Porque deixas tu a rosa
E vais beijar o jasmim?!”

Casimiro de Abreu




Quase borboleta
a lagarta, em seu casulo,
vê passar o outono 

Delores Pires,

Inscrição para uma cabana





O caminho dos simples coberto de musgo vermelho
A janela na montanha abrindo para o azul
Invejo-te o vinho que bebes entre as flores
e todas essas borboletas que voam nos teus sonhos.

Tsian Ki (722-780)

Sedução





A borboleta é
Própria sedução.
Ela é colorida!
Sua dança é esvoaçante.
Planeando, ao bater das asas,
Precisa encontrar um amor,
Para poder acasalar.

Graciela da Cunha

A borboleta e a flor





A pobre flor disse à borboleta: não fujas!
Olha como os nossos destinos são
diferentes:
Eu fico, e tu vais embora!
E, todavia, amamo-nos,
Vivemos sem os homens, longe deles.
Somos parecidas:
Dizem que ambas somos flores!
Mas, infelizmente,
O ar leva-te e a terra prende-me.
Destino cruel!
Quisera eu perfumar o teu vôo,
Com aroma no céu.
Mas não, andas demasiado longe,
A esvoaçar por entre as flores.
Foges, e eu fico sozinha
A ver a minha própria sombra
Girar aos meus pés.
Foges, depois voltas,
Vais-te embora outra vez,
E brilhas algures!
Por isso me encontras sempre,
Em cada madrugada,
Orvalhada em lágrimas!
Ah! Afim que o nosso amor possa
Viver dias de felicidade,
Rainha minha,
Ganha raízes como eu,
Ou dá-me asas como tu!

Victor Hugo

No reino das borboletas





À beira de um charco, formosa borboleta, fulgurando ao crepúsculo, pousou  sobre um ninho de larvas e falou para as pequenas lagartas, confusas: 
Não temam! Sou sua irmã de raça! 
Venho para lhes trazer esperança. Nem sempre permanecerão coladas às  ervas do pântano! Tenham calma, fortaleza e paciência.  Esforcem-se para não sucumbir aos golpes da ventania que, de quando em  quando, varre a paisagem. 
Esperem! Depois do sono que as aguarda, todas acordarão com asas de puro  veludo, refletindo o esplendor solar...
Então, não mais se arrastarão, presas ao solo úmido e triste. Adquirirão  preciosa visão da vida, pois poderão subir muito alto e seu alimento será o  néctar das flores... 
Viajarão deslumbradas, contemplando o mundo, sob novo prisma!  Observarão o sapo que nos persegue, castigado pela serpente que o destrói,  e verão a serpente que fascina o sapo, fustigada pelas armas do homem. 
Enquanto a mensageira fez ligeira pausa, ouviam-se exclamações admiradas:  Ah, não posso crer no que vejo!
Que misteriosa criatura! Será uma fada milagrosa?
Nada possui de comum conosco... Irradiando o suave aroma do jardim de onde viera, a linda visitante sorriu e  continuou: 
Não se iludam! Não sou uma fada celeste! Minhas asas são parte integrante da nova forma que a natureza lhes reserva.  Ontem, eu vivia com vocês; amanhã viverão comigo! Flutuarão no imenso  espaço, em voos sublimes em plena luz. Libertas do lodaçal, se elevarão  felizes. 
Conhecerão a beleza das copas floridas e o saboroso néctar das pétalas  perfumadas. Contemplarão a altura e a amplitude do firmamento...  Logo após, lançando carinhoso olhar à família alvoroçada, distendeu as asas  coloridas e, voando com graciosidade, desapareceu no infinito azul. 
Nisso, chegou ao ninho a lagarta mais velha do grupo, que estava ausente, e,  ouvindo os comentários empolgados das companheiras mais jovens, ordenou irritada:  Calem-se e escutem! Tudo isso é insensatez, mentiras, divagações... 
Não nos iludamos! Nunca teremos asas! Ninguém deve filosofar...  Somos lagartas, nada mais que lagartas. Sejamos práticas, no imediatismo da  própria vida. Esqueçam-se de pretensos seres alados que não existem. 
Precisamos simplesmente comer e comer... Depois vem o sono, a morte... E o  nada... Nada mais...  As lagartas calaram-se, desencantadas.  Caiu a noite e, em meio à sombra, a lagarta-chefe adormeceu, sem despertar  no outro dia. Estava completamente imóvel. 
As irmãs, preocupadas, observavam curiosas o fenômeno...
Depois de algum tempo, para espanto de todas, a ignorante e descrente  orientadora surgiu como veludosa borboleta, de asas leves e ligeiras, a bailar no ar... 

Rivalcir Liberato

O sonho e a borboleta






A borboleta
deu suas asas
ao sonho.
O sonho
deu o sono
a borboleta.
A borboleta
recebeu o sono
e sonhou...
O sonho
recebeu as asas
e voou...
Eu acordei lentamente!

Cléo Alves





“Afinal de contas não acabaram os domingos,
nem acabaram as adolescentes, nem os piqueniques.
Há menos ilusões, é bem verdade.
E os jardins e as praças estão mais poluídos.
Mas ainda há poetas e borboletas.
Por que nos caçam em extermínio metódico?” 

Fernando Mendes Viana





Nos dias de sol
preguiçosa borboleta
à sombra descansa.

Delores Pires





Pousada sobre a flor,
frágil e bela em demasia!
Tão diáfana que não se sabia,
o que era borboleta, flor...
ou se era só poesia!
  
Tremem as pétalas lilases
ao vento breve.
Fremem as asas anis
à brisa leve.
 
E há um céu sem nuvens
no olhar do poeta,
entre o azul das asas
e o azul da pétala.
 
Lenise Marques





Faça o que lhe digo. Solte primeiro uma borboleta.
Se não amanhecer depressa, solte outras de cores diferentes.
De vez em quando , faça partir um barco.
Veja onde vai.
Se for difícil, suprima o mar
E lance uma planície.

Aníbal Machado




Quando a borboleta coroou a flor amarela
os lírios , em ângulo reto com seus caules,
fizeram uma profunda saudação... 

Guimarães Rosa





E vi as borboletas.
E meditei sobre as borboletas.
Vi que elas dominam o mais leve sem 
precisar de ter motor nenhum no corpo.
(Essa engenharia de Deus!) 
E vi que elas podem pousar nas flores
e nas pedras sem magoar as próprias asas.
E vi que o homem não tem soberania nem
pra ser um Bem-te- vi.

Manoel de Barros

Metamorfose






As borboletas são as flores
que, enfim, conseguiram voar,
mas vivem a rondar as plantas
como quem ronda o antigo lar;
há sempre, pelo ar, um jardim
de rosa múltipla e jasmim,
e há, talvez, a vontade enorme
em tudo de perder seu peso,
ter a leveza de quem dorme,
ser a lembrança no abandono,
ou luz de estrela se apagando. 
Alberto da Cunha Melo
A borboleta e a flor
A pobre flor disse à borboleta: não fujas!
Olha como os nossos destinos são
diferentes:
Eu fico, e tu vais embora!
E, todavia, amamo-nos,
Vivemos sem os homens, longe deles.
Somos parecidas:
Dizem que ambas somos flores!
Mas, infelizmente,
O ar leva-te e a terra prende-me.
Destino cruel!
Quisera eu perfumar o teu vôo,
Com aroma no céu.
Mas não, andas demasiado longe,
A esvoaçar por entre as flores.
Foges, e eu fico sozinha
A ver a minha própria sombra
Girar aos meus pés.
Foges, depois voltas,
Vais-te embora outra vez,
E brilhas algures!
Por isso me encontras sempre,
Em cada madrugada,
Orvalhada em lágrimas!
Ah! Afim que o nosso amor possa
Viver dias de felicidade,
Raínha minha,
Ganha raízes como eu,
Ou dá-me asas como tu!
Victor Hugo
“Borboleta dos amores,
Como a outra sobre as flores,
Porque és volúvel assim?
Porque deixas, caprichosa,
Porque deixas tu a rosa
E vais beijar o jasmim?!”
Casimiro de Abreu
Nada no mundo se repete.
Nenhuma hora é igual à que passou.
Cada fruto que vem cria e promete
Uma doçura que ninguém provou.
Mas a vida deseja
Em cada recomeço o mesmo fim.
E a borboleta, mal desperta, adeja
Pelas ruas floridas do jardim.

Miguel Torga

Borboleta violenta







Não penseis que seja do tempo ou do vento ou da chuva:
nada disso -  os jasmins caídos
foram destroçados por uma só borboleta.
Chegou como um invasor, grande, amarela, poderosa,
assaltou com avidez as flores tranquilas,
brancas em seu leito verde,
deixou-as cair, passou adiante,
saciou-se com desespero,
voou para longe,
desapareceu por outros jardins,
deixou despregadas as pequenas corolas
que rolaram como estrelas
e aí estão perfeitas e brancas, sem saberem que já estão mortas.
Tudo isso para nós foi um brevíssimo instante:
não sei, no tempo das borboletas e das flores,
no alto relógio de Deus.

Cecília Meireles





“Na cartilha maternal das borboletas
 aprendeste a voar, e ali escreveste,
 na ardósia do vento, os primeiros
 poemas.”

Albano Martins





"Quando descobri teu amor pelas borboletas, 
me tornei um jardim, 
plantei-me de flores, 
só para trazê-la para bem perto de mim. "

Warllem Silva

Os sonhos das lagartas




As lagartas não podem acreditar na lenda das borboletas
-tão antiga entre o seu rastejante e esforçado povo...
mas sua felicidade consiste em relembrar, às vezes,
o absurdo e maravilha desse velho sonho:
o de se transformarem, um dia, em borboletas.

Mario Quintana ,





Apenas viver não é suficiente, disse a borboleta,
É preciso ter sol, liberdade e uma pequena flor.

Hans Christian Andersen







O caminho dos simples coberto de musgo vermelho

A janela na montanha abrindo para o azul
Invejo-te o vinho que bebes entre as flores
e todas essas borboletas que voam nos teus sonhos.

Tsian Ki (722-780)
Trad.: Jorge de Sousa Braga



Que dizer da borboleta 
que pousa de ramo em ramo?
Talvez ela não saiba
que meus olhos a veem voar no vento.
Talvez saiba.
Também o meu afeto
vai no vento e voa 
e pousa nos ramos frágeis
da minha amada.

Casimiro de Brito

A borboleta (poesia infantil)






No jardim da minha casa
Pousada sobre uma flor
Uma linda borboleta
Esnobando em furta cor.
Ora verde, ora azul
Assim que era a danadinha
Fiquei parado a olhar
A linda borboletinha.
Era simplesmente linda
De tão admirado fiquei
Até quase que perdi a hora
E quase que não embarquei.
Olhando aquela beleza
Me deu até uma emoção
Mas enquanto me distraía
Chegou minha condução.
Fui para a escola pensando
Na formosura sem par
Tão fascinado fiquei
Nem pude me concentrar.
Voltei naquela esperança
Em olhá-la novamente
E que a borboleta azul
Estivesse ali presente.
Retornei e olhei pra aquela flor
Fiquei triste naquela hora
Porque minha linda amiga
Bateu asas e foi-se embora.
Vem cá borboleta, vem
Que eu quero te contemplar
Vem cá pra perto de mim
De novo quero te olhar.


Christiano Nunes

Asas de borboletas

 






Aos pares como asas de borboletas similares debatendo-se e
confrontando-se atendo-se a uma simetria crítica inquieta
geometria instável repetida frenética insustentável:
corpos aos pares asas modulares articuladas.
Corpos justapostos mancomunados
atados dependentes breves
flamejantes. Acasalados
leves. Casais como
dobradiças
treliças
partes
par
es
.
duas
metades
no quadrado
imaginário: asas

Antonio Miranda

Mitos, folclore e significados simbólicos em torno das borboletas








Na mitologia grega, Psique foi representada em arte com asas de borboleta. Está em toda parte a alma aerotransportada a lagarta que emerge de seu casulo, transformada de um ser inexpressivo a uma entidade aérea, é a metáfora clássica. Culturas diversas olharam na Borboleta como um símbolo de transformação e regeneração em outros povos as almas eram levadas pela Borboleta da terra para céu, ou em alguns casos era acreditado que era as almas que estavam voltando a terra. 

Deusas borboleta emergiram em lugares como como Minoan Crete e Toltec no México acreditavam que algumas destas deidades eram a personificação de certas borboletas, e foi considerado como símbolos de beleza, amor, flores, e os espíritos do morto também eram vistas como os protetoras das mulheres que morreram em parto e guerreiros que morreram em batalha uma das deidades da Borboleta no México antigo era a deusa  guerra. 

No Japão, a Borboleta, pronta para voar significa estar livre de seu feitiço depois de um longo no casulo ja com esparramando sua marca asas novas, é um símbolo popular para meninas jovens representa emergindo da beleza, com a intenção a considerar mudança jovial, não traumática muito comum nessa fase da vida.

Os indígenas americanos as tem como um emblema de orientação em mudança.

Na China, é ainda um símbolo popular de felicidades matrimoniais e harmonia conjugal. 

Na Alemanha, o avistar de uma borboleta pode ser considerada como um prenuncio de nascimento.

As borboletas na cultura Maya descrevem como espíritos dos mortos se disfarçar quando retornam à Terra.

Dizem que está vindo chuva no oeste da Pensilvânia quando a “Chrysalis” (espécime de borboleta) paira sobre as partes inferiores dos ramos.

Borboletas também podem representar abundância. Os índios Navaho e  Apaches e até tribos da pré-históricas no México associavam a imagem das borboletas a colheita de verão. Os Hopi “Clan Borboleta”  possuíam uma dança cerimonial chamada "Bulitikibi”, ou Dança da Borboleta, como um apelo para que os deuses lhes dessem  uma boa colheita.

Borboletas foram também conhecidas como o símbolo das bruxas, devido à sua inerente capacidade transformadora e da magia. Os Sérvios vêem a borboleta como a alma de uma bruxa porque muitos anjos medievais possuíam asas de borboleta, em vez de penas. 

Artistas por vezes incluem borboletas para adicionar um toque feminino ao trabalho artístico.
Borboletas são a metáfora clássica de transformação e derradeira liberdade, bem como a impermanência e fragilidade.

O teu amor é uma borboleta vermelha






Imaginamos futuros brilhantes
Lembramos passados suaves
Abraçamos as duas faces da moeda
Mas se o futuro tem chuva nas frestas do caminho
E o passado resvala nas soleiras da memória.
No meio
Tênue abraço da vida
Em soluços de vontade e paixão
O teu amor, meu amor, é uma borboleta vermelha
Num pano tecido nas noites que teremos.

Loner

Borboletas de papel







Numa sublime admiração
Fico a contemplar o céu.
Uma pureza em mãos,
Borboletas de papel.
Que imaginação incrível!
Fico a me perguntar:
O que foi isto?
Um clarão surgia do mar.
Borboletas de papel
Surgem do céu
Atrás das púrpuras rosas do Cairo...
E voam entre os jardins de mel
Entre as flores da vida.
Surgem entre as mais queridas flores
As borboletas de papel.

Antonio Félix da Silva Neto

Céu inspirador








Pequenas borboletas
voam sobre minha mente.
Tem uma de cor anil
que quer voar
mais alto que as outras mil.
Sobre a minha mente
há um céu azulado,
céu brasiliense:
cada tom perfeitamente encaixado.
Nesse meu céu
voam tantas borboletas:
coloridas, rosas, azuis, laranjadas
vermelhas, violetas e pretas.
Voam também mariposas
talvez mais belas ainda,
daquelas que antigamente,
os maridos caçavam e as enquadravam
para dar de presente para a esposa
dizendo o quanto a achava linda.
Mas eu não gosto de mariposa
nem de borboleta presa.
Prefiro deixá-las soltas
voando sobre a minha cabeça.
Olho para cima e vejo flores
borboletando e mariposando
sobre essa minha mente leve
(mais leve que barrinha de cereal light)
Mente que leva qualquer coisa
perdida por esse céu azul
a se transformar em versos sem métrica,
com rimas que são embaralhadas,
em uma tentativa
de deixar a vida mais colorida
e lembrar que o céu de Brasília
me deixa maravilhada.

Sarah Magalhães

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015






“Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta
 e do céu descesse uma névoa de borboletas, cada qual
 trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e 
palavras de galanteria...”

Artur da Távola

Sol de março






Embriagada de ardor matinal,
tonteia uma borboleta amarela.
Encolhido e com sono, um homem velho
descansa sentado junto à janela.
Entre as folhas da primavera, um dia
de viagem cantando partiu ele:
de uma porção de ruas a poeira
passou voando sobre os seus cabelos.
Naturalmente as árvores em flor
e as borboletas voando amarelas
parecem hoje as mesmas de outros tempos:
como se o tempo não tocasse nelas.
Os perfumes e as cores, entretanto,
tornaram-se mais finos e mais raros:
fez-se mais fria a luz, e o próprio ar
parece mais difícil respirar.
Como abelha a zumbir, a primavera
baixinho entoa os seus graciosos cantos:
a borboleta adeja em amarelo,
e o céu vibra em cristal de azul e branco.

Hermann Hesse





Florir é chegar.Ver a flor
contemplá-la ao passar,
só dá para suspeitar
a circunstância menor
da empresa fulgurante,
intrincamente feita
da borboleta perfeita
ofertada à luz do dia.
Alimentar o botão,
pagar direito ao relento,
regular calor e vento,
esconder-se do zangão,
não falhar à natureza,
esperar por esse dia...
Ser flor é muita
responsabilidade!

Emily Dickinson





Duas borboletas saíram ao meio-dia,
valsaram em cima de um arroio,
flecharam para o firmamento
e repousaram sobre um raio de luz;
Depois partiram as duas
por cima de um mar reluzente,
ainda que porto algum até hoje
haja mencionado a chegada.
Se falou com elas uma ave distante,
se no mar etéreo encontraram
uma fragata ou um cargueiro,
não fui informada.

Emily Dickinson

Borboleta







Lento e suave bordado.
Brisa e bolero,
leve e ousado,
tatuado na alma
distraída do vento.

Jairo De Britto





Sabes qual é a diferença entre borboleta e gente?
A pessoa tem alma, borboleta é alma.

Mia Couto





"Penso que borboletas, seres alados,
 diáfanos e coloridos, devem ser emissários dos deuses,
 anjos que anunciam coisas do amor. Imaginei então que
 aquela borboleta era um anjo disfarçado que os deuses
 me enviavam com uma promessa de felicidade."

- Rubem Alves,






Naturezas de borboleta
forjam casulos em silêncio.
Em segredo, universos tramam
O absoluto florescimento.
Tanta beleza em surdina
que já não se conta o tempo.
O ferreiro tece o concreto
em diurno alheamento.
Também meu ofício de arte
por estas vias se encorpa.
Tanta mobilidade, tantas formas
me saíram do bolso
assim como do nada
no mais desprovido silêncio.

Fernando Campanella





Vi uma borboleta
Sentada nos braços da manhã
Ela estava parada
Embaixo de outra borboleta.
Não faziam barulho
Nem piscavam.

Só o vento arregaçava as saias delas.

Manoel de Barros

Asas de borboletas






Aos pares como asas de borboletas similares debatendo-se e
confrontando-se atendo-se a uma simetria crítica inquieta
geometria instável repetida frenética insustentável:
corpos aos pares asas modulares articuladas.
Corpos justapostos mancomunados
atados dependentes breves
flamejantes. Acasalados
leves. Casais como
dobradiças
treliças
partes
par
es
.
duas
metades
no quadrado
imaginário: asas


 Antonio Miranda





Lá estão as borboletas…
coloridas, no infinito;
nas asas levam facetas
do meu sonho mais bonito!

Giva da Rocha



As borboletas mais fortes, guerrilham contra os ventos mais intensos com suas asas de prata.

Georges Mendes ( Geles )





“No caso das borboletas, o bater de asas de uma delas em um determinado lugar do mundo pode gerar uma movimentação de ar que, intensificada, desencadearia a alteração do comportamento de toda a atmosfera terrestre, para sempre. Parece loucura, mas acontece todos os dias, e chamamos de acaso.”

Teoria do Caos Efeito Borboleta





Procurando pouso
Na rua movimentada,
Borboleta aflita

Edson Kenji Iura





Uma borboleta
Na minha pequena rua
Uma floricultura

Suemi Arai




em nosso universo
breve, passa, com pressa! e
graça, a borboleta
Issa




uma pétala caída
que torna a seu ramo
ah! é uma borboleta

Afrânio Peixoto