terça-feira, 4 de agosto de 2015

Crepúsculo


 



Teus olhos, borboletas de ouro, ardentes
Borboletas de sol, de asas magoadas,
Pousam nos meus, suaves e cansadas
Como em dois lírios roxos e dolentes… 
E os lírios fecham… Meu amor não sentes?
Minha boca tem rosas desmaiadas,
E a minhas pobres mãos são maceradas
Como vagas saudades de doentes… 
O silêncio abre as mãos… entorna rosas…
Andam no ar carícias vaporosas
Como pálidas sedas, arrastando… 
E a tua boca rubra ao pé da minha
É na suavidade da tardinha.
Um coração ardente palpitando…

Florbela Espanca

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