quinta-feira, 22 de outubro de 2009

O grilo e a borboleta



















Num lugar escondidinho de um lindo e verdejante campo, havia um buraco fundo e escuro. Ali estava um grilo todo durinho por causa do frio que fazia onde ele estava, lá embaixo na terra.

Certa manhã, quando o calor do verão chegou e um fiozinho de raio de sol desceu até sua toca, o grilo esticou-se todo e começou a subir pelo buraco, até lá em cima, onde, no mundo quente do verão, ouviam-se muitos sons, assobios e cantos diferentes. Com isso, as asinhas duras do grilo começaram a coçar, fazendo soar o seu “cri-cri”. Primeiro devagarzinho e suavemente, depois cada vez mais rápido e forte. Seu “cri-cri” podia ser ouvido pelo campo florido afora!

Entre lindas flores voavam abelhas, marimbondos e belas borboletas. O zunzum das abelhas era suave e delicado, ao passo que o dos marimbondos era bem mais pesado. Só as borboletas flutuavam silenciosa e suavemente pelo ar, tal como as nuvenzinhas pairavam fofas e brancas no céu, parecendo carneirinhos.

Quando a mais bela borboleta de todas voou ao redor de uma flor para beber seu néctar, o grilo assombrou-se ao ver esta festa de asas coloridas bem acima dele e pensou:

- Esta deve fazer uma música maravilhosa. Gostaria de ouvi-la.

E, adiantando-se para mais perto da linda borboleta, disse:

- Oi, você aí! Toque um pouco a sua música! Você flutua para cá e olha dentro de todas as flores, mas eu não consigo ouvir nada! Nenhum som, nenhuma música sai de suas lindas asas!

A borboleta ficou procurando de onde vinha aquela vozinha e, quando olhou por cima da borda da pétala de flor, viu um grilo todo escurinho, quase preto, lá em baixo na terra, e respondeu:

- Meu trabalho é cumprimentar todas as flores. Toque você, pois minhas asas gostariam de dançar com a sua música!

O grilo, ouvindo esse elogio de tão bela criatura, ficou todo contente e recomeçou a cricrilar com toda a força de suas asas curtas e duras, para que a borboleta levantasse um vôo de belas e alegres cores campo afora.

Mas o grilo, em seu contentamento, não percebeu que o sol começara a se deitar e continuou tocando até anoitecer. Quando finalmente a suave luz das estrelas o alcançou, ele dobrou devagarzinho e direitinho as suas asinhas sobre as costas e sumiu.

Quando chegou lá no fundo da terra, se acomodou bem gostosinho em sua toca e murmurou para si mesmo:

- É bom que nós, os grilos violinistas, façamos as estrelas aparecerem com nossa música. Senão, as noites passariam pela terra na mais negra escuridão! Música de grilo é música boa! Música de grilo é música das estrelas!


( Desconheço o autor)

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